Pain


    Correndo com a vida, a gente corre o risco de deixar passar coisas incríveis. E também de tropeçar em coisas maravilhosas. Mas levando as coisas devagar, a gente parece acreditar que tudo vai ser melhor e mais calmo. Não sei se é sempre o caso. Veja minha história com relacionamentos... Talvez seja porque eu sou mesmo insuportável e ninguém aguenta a intensidade de viver algo comigo. O fato é, sendo eu extremamente intensa, vivo a agonia de quando as palavras "vamos levar as coisas devagar" serem proferidas a mim, o meu coração se contorcer.

    Eu ando correndo. Eu escrevo minha história rápido, eu quero que as coisas aconteçam de maneira que eu possa me jogar, como quem pula de um prédio, sem paraquedas. Quem precisa de paraquedas quando se tem uma mão para lhe segurar? Acredito muito que o tempo é relativo, o que é rápido para os outros, pra mim é natural. Nunca achei normal casar em 6 meses, mas sempre achei que me casaria em 3. O negócio é que quando eu sei, eu sei. Eu não tenho dúvidas, eu não sou de hesitar. Se eu não demonstrar certeza, já saiba que pode durar 10 anos de "vamos levar devagar" e eu não vou me importar, porque eu não estarei prestando atenção. Mas, sabendo, me permitindo, 10 minutos de lentidão e de ausência são uma eternidade.

    Não me entenda carente, eu sou muito independente e odeio grude, chiclete só de canela. Mas eu gosto de bilhetes, de bom dia, de um "como você está?", de um "bora ali na Casa da Cidadania resolver esse BO", "bora comprar pão". Eu gosto de companhia para trivialidades, gosto de gente pra estudar junto em silêncio, gosto de gente pra "bora? bora.". Não precisa marcar encontro e se arrumar como se a rainha da Inglaterra viesse pro jogo, só precisa de interesse. E eu acho "vamos levar as coisas devagar" uma extrema falta de interesse. Acho um sinônimo de "estou de levando em banho maria enquanto coisa melhor não aparece". Não tem coisa melhor que chegar das compras e comer um negocinho junto comentando como a rua tava movimentada e como aquele senhor tava suando e definitivamente era o responsável por aquele cheiro bom de pum.

    Eu não sei se seria pedir demais, por isso não peço e fico aqui... desistindo. Me abri. Mas já estou me fechando. Não adianta tentar se vão me cozinhar. Um dia sem comunicação pra mim não tem defesa, só perdoo em caso de morte ou doença. Ou queda de aplicativo. 

    Sabe que eu até já considerei a possibilidade de homem não gostar de mulher que dirige, resolve, faz suas coisas? Então queria um colinho pra chorar por causa da dor que sinto na minha mão. Mas esse colinho não existe, porque homem não gosta de mulher. E porque eu estou em banho maria. 

    Eu estou sentindo inúmeras dores. Das maiores, na mão, nos pés, e no coração. Eu desisto. 

Pelo menos eu ainda sou bem rock n roll, faço minhas coisas sozinha, e sou um mulherão da porra.

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