Waking up early

 

    Quando criança, acordar cedo é tarefa do sábado para assistir desenho (ou era, quando os serviços de streaming não estavam aí). Hoje, ainda nova, mas já mais velha, acordar cedo se tornou algo inevitável. O despertador nem toca e eu já estou desperta. 

    A rotina é escovar os dentes, lavar o rosto, passar protetor solar, hidratante com vitamina C, comer uma banana, tomar anticonvulsivo e anticoncepcional, ouvir as notícias do dia anterior na Alexa, observar no calendário da mesa quais as atividades do dia, preparar um post para o instagram de pesquisa, anotar num papel separado quais as tais atividades importantes e mandar mensagens para confirmar se realmente os encontros vão acontecer. 

    Depois disso, escrever um pouco dos trabalhos que tenho para entregar do mestrado e, finalmente, fazer atividades domésticas. Acordo tão cedo que 10h isso tudo já está pronto. Eu não achei que aos 26 eu estaria aqui.

Antes da pandemia eu tinha uma rotina bem diferente. Sendo quinta-feira, não era dia de dentista, pintar as unhas em casa e arrumar o cabelo para... ficar em casa. Era dia de ir jogar sinuca no bar, tomar cerveja, conversar com conhecidos e desconhecidos, voltar para casa feliz. Não estou triste, só gostaria de sair. 

Até alguns comprimidos atrás eu mataria para não sair de casa, mas algo na minha química mudou, e agora eu estou animada e com força para me maquiar, me arrumar, encontrar pessoas e fazer coisas. Se tivesse companhia, talvez jogasse boliche hoje antes da dentista. 

Acho que mesmo sozinha vou fazer isso. Eu não preciso de companhia. Eu consigo carregar as bolas mais leves do boliche.

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